sábado, 1 de março de 2008


Ele era de Juazeiro. Do norte. Ela também. Do Sul. E ele nem sabia dela. Sabia de cantoria, de reisado, sabia xilografar e gostava do Padim e do Icasa. Ela? Por enquanto não vou falar dela, e sim dele.
Gostava demais de sua vida, e por conseqüência, adorava é claro, a vida. E por ser tão alegre, contente, fazia com que coisas assim estivessem sempre por perto. E por assim dizer era um cara popular e alegre. E por ser tão alegre ele também achava aquele sertão muito alegre.
Tinha por ele dezenas de meninas atrás. Tinha mais uma meia dúzia que não queria ver nenhuma menina atrás. E tinha mais umas duas que de tanto amar já nem ligavam mais...
E ele desceu do sertão e veio pra Juazeiro. Quase que fica por Pernambuco, terra de Danieis e Alceus, mas parece que o destino lhe quis lá na Bahia.
E foi por lá mesmo que ele conheceu aquela uva do São Francisco. Regada gotinha a gotinha, não tinha cara de carranca, e nem andava com(o) as piranhas. Não que isso desagradasse ao rapaz...ele até gostava. Não agüentava ver uma piranha... e se tivesse cara de carranca, então!
Mas aquela baiana lhe tirou mesmo do sério. Cara de linda. Veio calada, onça pintada. Passo por passo, olhando pra baixo; disse oi, beijou seu rosto e saiu.
Não é dizer que foi estranho, mas o que poderia querer ela com um vira-lata daquela estirpe? Sabia de onde veio? Talvez ninguém nunca saiba responder...
E era só se distrair que vinha a pensar nela, e sempre-sempre no final, no crepusculo do devaneio tomava um susto pensando que aqueles olhos de onça tavam a te lapiar o couro, ou então a te lamber o corpo. Mas não tavam...
A onça pintada nem sabia de nada. De instinto e inpirada deu um beijo e saiu. E o cachorro bandido ficou na estrada. Com os olhos fechados de um súbito arrepio.
Pois a uva já sabia dele. Sabia também costurar, cozer e catar feijão. Cozinhar, ainda não, mas gostava de arroz-com-piqui. O olhar era agateado, com as bolas do meio pretas e bem grandes. Quase que não tinha aquela parte branca. E olhava o cachorro bandido sem ele nem saber de nada.
A gata não queria mais leite. Cansou. O cachorro agora queria pintas, queria enfeite. Achou. E de presente muitos outros também deu, praquela felina franciscana.
E ninguém sabe como foi direito que se sucedeu. É como se ninguém tivesse visto o embolar daquela historia, e só o desembolar...Hoje em dia ainda se vê o cachorro vadio por lá. Ele não anda muito querido da onça não, mas em contrapartida não deixa nenhuma raposa encostar nas uvas...

(continua, ou não...)

5 comentários:

Daniel Farias disse...

final interessante.
é o fim? começo? meio?

Anônimo disse...

"Leeembro com mta saudade, dakele bailinho... aonde agente dançava bem agarradinho.." euhueHEuheU

tah masssa!

Anônimo disse...

Mt Bom Cicero!!!!

Anônimo disse...

Gostei, Cico! Mas ainda prefiro o meu preferido, rs! :)
Abração!

Anônimo disse...

Lindo!!!suave... fiz quase um filme na minha cabeça...
sem comentar o "au au"!rs

Beijo
Malu