domingo, 9 de março de 2008

Para Explicar Melhor

Diante da tela do word em branco ele já sabia que a tarefa seria muito difícil. Que teria que espremer a alma pra falar o que sentia. É por que na arte você às vezes não precisa ser tão prolixo. Às vezes se quer escrever um sentimento e se escreve. Mas a arte - já dizia uma de suas funções - é infinita. É sempre uma obra aberta, livre para interpretações. Deve ate ser por isso que é tão fácil de apaixonar por poetas. Se bem que essa máxima só funciona com os outros. Ou seria com os outros poetas mais bem afeiçoados... bom, o que importa é que quando se quer falar de um sentimento explicando ele a fundo, objetivando o que se é passado, evitando ao máximo as amigas metáforas, ai se torna um pouco mais difícil. Até por que metáforas são metáforas, e acabam por, devido a sua própria essência, se afastar do que se é realmente sentido para só depois, por analogia, se aproximar.

O fato é que o poeta havia perdido. E perdeu feio. A derrota feia para os leigos é aquela derrota em que se estava ganhando, por vezes até com sobra, mas no finalzinho a defesa falha e o que seria ótimo se torna horrível. O que era bonito se torna triste. E o que era triste se torna solidão. A solidão se transforma em wisky. O wisky muda pra cigarro, e por fim, quando se acorda se percebe que a realidade é bem pior do que o sonho que havera tido.

A musa era tão perfeita. Musa se parece com música, e das bonitas. Uma menina tão linda... cabia no abraço. Dava pra proteger como uma mulher se deve ser protegida. Até se colocar no bolso, nos momentos de confusão, quem sabe. Tão perfeita que não se deveria se desejar nada alem dela. E da família dela, e da casa dela, ninho de amor, amor de carinho, de respeito e de proteção. Engraçado até como se dava pra ser protegido, quando se é tão grande para uma musa tão pequena.

Mas o poeta perdeu. Tanto fez que ela chorou e foi embora. Abusou da regra 3, achou que o menos valia mais. E ela sumiu mesmo, desapareceu de vez. E já não adiantava chorar. Ele chorou bastante, mas se tornou ineficaz. A saudade e a esperança são lagrimas, quando na sua fase liquida. Mas já não havia esperança pra ninguém. Alem disso a saudade, que foi o que restou, se transformou em angústia e ao invés de lagrimas o que se sentia era como se existisse um ovo de avestruz entalado na garganta.

Mas o que eu queria explicar na verdade não era esse sentimento de perda. Eu queria falar de um sentimento mais bonito. Do amor. Dessa vez o poeta não poderia falar do amor sentido por ele, até por que esse amor que será explicado nas próximas linhas é um amor muito maior do que qualquer coisa que ele já sentiu.

A musa encontrou alguém. E se apaixonou denovo. Já não era uma paixão de mãe, de cuidar do filho menor. Alias foi a mãe ate que disse que era um amor maduro. Mas mesmo dizendo isso ela não deve odiar o poeta por isso. A essa altura a musa, que eu vou chamar de moça, já amava de com força. O esforço para ficar longe do poeta já quase não existia. Acho que por que o poeta sabia muito falar de amor, o que encantava a moça. Mas o poeta ainda não havia aprendido a amar daquele jeito, e por sinal, nem deve ter aprendido. Se ele não tivesse tido uma ajuda, talvez não pudesse definir tão bem aquele amor: o amor para a moça é agora sinceridade. Se já existia o amor, a transparência seria a grande responsável pelo seu crescimento e pela sua manutenção. Não é do tipo paranóia. Mania de limpeza, mania de colecionar, mania de ouvir musica, mania de fumar... a sinceridade sempre existiu para ser hábito. Nasceu assim, de repente, irmã dos sentimentos mais puros. Algumas pessoas sentem o cheiro dela, e chegam até a alcançar a sua harmonia, não por que ela é explicita, mas por que têm a super-capacidade de captarem-na no ar. E no mar e nas coisas bonitas da vida também.

E sequer bastou praquele poeta burro a carta que a moça mandou pra ele alguns anos atrás, outros a frente do rompimento. O poeta chou que era um sinal, uma coisa mágica de outro mundo (o mal dos poetas)... ficou feliz e orgulhoso, e ate respondeu. Foi preciso que a moça explicasse tempos depois, que havia escrito a carta na frente do seu amor, que a contragosto aceitou, mas entendeu a sinceridade do seu teor.

Dizia a carta, não em versos, mas em prosa, algo mais ou menos assim:

“poeta, eu hoje estou feliz a beça
O meu mundo ficou lindo
Eu colho flores nos jardins

Alem das muitas outras que eu recebo
Que você também me dava
O que faltava era o jardim”

obs.: Feliz Dia das Meninas, porque "mulher" é como eu me refiro às congeneres as quais eu não conheço ;)

4 comentários:

Anônimo disse...

captei a vossa mensagem, cero! ;)
esse eu curti!
abraço!

acende um versinho disse...

Adoro esse! Esse finalzinho... decorado! Rs! Beijos!

Anônimo disse...

Que orgulho!

Beijo cero

Anônimo disse...

Que faria um poeta com uma musa ao seu alcance???