segunda-feira, 28 de abril de 2008

Sertão

Ele senta na porta de casa todo dia que chega da lida, geralmente com o pôr do sol. Acende um fumo, pensa na vida. Nessa hora passa por dentro um sofrimento que não é sofrimento, é mais um alívio de ter acabado o dia. Não sofre não, agradece estar vivo.
Uma tragada e a tosse grossa saindo junto com a fumaça. Não tem mal tempo, acorda às 4:30 da manhã, inchada de um lado, facão do outro, tem que ter mãos fortes e grossas. Ele não estranha o trabalho. Não brinca em serviço, nasceu no mato e sabe diferenciar tranquilamente cascável de jubóia, mutuca de mosca de fruta.
Senta no batente de cimento e terra, calça encardida, mãos amarronzadas. Tem sertão em seu rosto, em cada marca nos braços. Tem a fome de todo seu povo, a sabedoria de existir sem se perguntar por quê.

3 comentários:

Anônimo disse...

=}
q bom q vc voltou!

Daniel Farias disse...

caralho.
decente.
guimarães.

Daniel Farias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.