segunda-feira, 28 de abril de 2008

Sertão

Ele senta na porta de casa todo dia que chega da lida, geralmente com o pôr do sol. Acende um fumo, pensa na vida. Nessa hora passa por dentro um sofrimento que não é sofrimento, é mais um alívio de ter acabado o dia. Não sofre não, agradece estar vivo.
Uma tragada e a tosse grossa saindo junto com a fumaça. Não tem mal tempo, acorda às 4:30 da manhã, inchada de um lado, facão do outro, tem que ter mãos fortes e grossas. Ele não estranha o trabalho. Não brinca em serviço, nasceu no mato e sabe diferenciar tranquilamente cascável de jubóia, mutuca de mosca de fruta.
Senta no batente de cimento e terra, calça encardida, mãos amarronzadas. Tem sertão em seu rosto, em cada marca nos braços. Tem a fome de todo seu povo, a sabedoria de existir sem se perguntar por quê.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Pituba III

Era 2007 mas tinha cara de 86. E mesmo assim, ninguém podia imaginar o dia-a-dia daqueles homens, que como já dizia a venerável bióloga que desempenha o papel de mãe para eles, cada um desses moços, até o mais frouxo deles, pode ser considerado um verdadeiro herói.


Que eram tardes salpicadas pelo rebento das ondas, levantadas pelo vento forte que dava ali, e que misturado esse salpico ao cheiro forte das algas secando ao sabor do sol, o famoso sargaço, essas tardes se tornavam praticamente um peso no corpo de qualquer um. E que essa sensação era tão forte, capaz de impedir qualquer movimento brusco ou qualquer ação que destoasse do bocejar freqüente, isso todos os freqüentadores daquela prainha sabiam.

Um sol que ainda não era fraco, a sobrancelha levemente salgada e o corpo flambado pelo intemperismo somavam àquela situação uma sensação que poucos sabiam descrever. No máximo poderiam comparar a algo parecido com o que era sentido na praia de Aratuba.

E o progresso não conseguiu mudar aqueles pescadores. Não. Talvez tenham sido eles que não conseguiram acompanhar o progresso. Eu só sei que eles até tinham um freezer, que ficava ligado com a energia de um gato, que disfarçado entre tantos outros que se alimentavam de sardinhas ali por perto, nunca foi um problema para a colônia Z-1. E esse freezer nunca, nunquinha entrou um peixe ali dentro. Antigamente, quando a pesca era farta, os homens do mar traziam a quantidade que era vendida. Hoje em dia eles trazem o que conseguem, e às vezes chegam a suprir as necessidades diárias dos fregueses e a deles próprios, que vêm secundariamente, é claro. E assim o friza se acabou sem nunca ter tido grande uso.

O fato é que nenhuma novidade vingou naquela colônia. Quando ali não era colônia de pesca ainda, quando os índios chamavam uma pedra parecida com uma canoa de Itaigara, os avôs desses pescadores encontraram a imagem de uma santa ali na praia. Não gostavam muito de novidade e tinham certeza que aquilo foi lixo de algum daqueles banhistas esporádicos e exóticos que passavam por lá. Mas deram o azar da história chegar ao ouvido do capitão da região, herdeiro daquelas terras. Ah... pra quê? Fizeram uma paróquia, chamaram de Da Luz, depois vieram as avenidas, e logo em seguida as ruas. A paróquia virou igreja, as casas viraram escolas de freiras. Os largos viraram praças e aquela linda praia virou lote. Veio clube da Europa, vieram mais ruas, veio cais. Vieram tantos veranistas, que para sagrar o império do progresso, só mesmo um parque com nome de imperador romano poderia explicar. E não era de se surpreender, que a uma altura daquela, em pleno regime militar, as ruas daquele bairro novo se chamassem pelo nome dos estados, salientando a unidade da nossa pátria amada positiva.

Os pescadores? Ah, esses não mudaram nada. Continuam no mesmo lugar de muitos anos atrás, localizados estrategicamente numa enseada calma, protegida por uma barreira de pedras que já não tem mais corais. E continuam fazendo a mesmíssima coisa. Só que agora, a gente não consegue mais olhar pra lá e saber que ali se encontra uma colônia de pesca, uma aldeiazinha de pescadores. Timidamente e através de uma plaquinha eles se intitulam pelo nome de “peixe fresco”.

E hoje em dia eles continuam sem gostar de novidade. Ah, é claro, com a exceção do aparelho celular, que desses aí tem mais de dois por cabeça de brasileiro. Mas eles ainda pescam de jangada e canoa, conquistam as suas mulheres com cerveja, vinho e galinha, e continuam achando que é muito doce morrer no mar... quem quiser ir lá ver com certeza será bem vindo. O Ioiô ou a Iaiá serão bem recebidos, e por eles com certeza irão saber o que são tardes salpicadas pelo rebento das ondas, levantadas pelo vento forte que dá ali, e que misturado esse salpico ao cheiro forte das algas secando ao sabor do sol, o famoso sargaço, essas tardes se tornarão praticamente um peso no corpo de qualquer um. E que essa sensação é tão forte, capaz de impedir qualquer movimento brusco ou qualquer ação que destoe do bocejar freqüente. E talvez, se o Ioiô se mostrar amigo e amistoso, ainda pode ouvir algumas histórias boas dali, como por exemplo do dia em que o primeiro índio passou uma tarde ali, e ao sentir esse ventinho quente, com gosto e cheiro de mar, chamou aquilo ali de pituba, sinônimo de bafo, sopro, exalação e maresia.

terça-feira, 15 de abril de 2008

amor sem nota nem preço

Ele era tímido, introvertido, culto, gostava de música calma e bons livros. Ela era romântica, frágil, linda, sensível, gostava de poemas e pessoas. Ele passava, cabeça baixa. Ali, na frente da vitrine da loja de roupas estava ela, distraída, entretida. Ele viu um pé de magnífica delicadeza, calcanhar sutilmente levantado, a ponta pisando com carinho, ao redor do tornozelo uma tatuagem, três pequenas estrelas. O brilho de súbito encheu-lhe os olhos, que subiram calmamente, idolatrando as belas pernas, fitando a barriga descoberta, o rosto que virava-se um pouco sacudiu cabelos que voavam, espalhando seu perfume suave e bom. Torpor.

Era ela, a mulher da sua vida, que sempre esperara sem saber, que chegara sem avisar. Tinha certeza, só ao vê-la, sabia que a encontrara. A harmonia perfeita. Ele tocaria belas músicas ao violão, ela contemplaria atenciosamente, entenderia e amaria receber suas flores, enxergaria suas qualidades, dariam-se longos e fortes abraços todos os dias. Ela olhava as roupas, nenhuma cor lhe parecia viva o suficiente, nenhum corte encaixava-lhe, como também nenhum dos amores experimentados servia-lhe: apertado demais sufoca, folgado esconde, até que com alguns ficava legal, mas duvidava... Algo sempre dizia que aquela combinação não cabia. Precisava de um homem que caísse bem, que a cobrisse de atenção mas deixando livres seus movimentos, que tocasse música baixinha, só pra ela, que a surpreendesse sempre com flores muitas. Eles vivenciariam a infinitude do nós. Estava nua de amor, doara as suas paixões antigas. Estava surdo de paixões, não efetivara seus futuros amores imaginados.

Ele abriu a boca, derrotado por qualquer linha de raciocíno ou contenção lógica, tentou falar, balbuciou, gaguejou (sim, saíram sons audíveis mas indecifráveis), mas sua criatividade era parca, escasso repertório de improvisos até para iniciar uma conversa de reticências, daquelas sem graça, sem muita objetividade de onde se quer chegar. Ela ouviu o esforço do rapaz, enxergou seu rosto desesperado, apertou a bolsa com o braço contra o corpo, e saiu, com certa pressa no passo, a denunciar a fuga. O tempo passou como flecha, rápida ao alvo, que fecha corações e rasga memórias. Hoje ela é divorciada, tatuagem desbotada, vida borrada, amor apagado e trabalha como secretária num escritório numa firma no centro. Ele, ainda solteiro, é caixa de banco e vendeu o violão. Todas as noites, antes, durante e depois de dormir, eles sentem saudades dos amores que nunca tiveram.

domingo, 13 de abril de 2008

Zé Canário ou do sem ninho

Das aulas de psicologia criminal

Ainda pequeno, bem criança, não gostava de badogue. Brigava, de arrancar pedaço, com quem fizesse mal a passarinho.
Foi crescendo de pés descalços no chão e olhar no céu, visão aguçava para as cores e o voar e ouvido sensível ao cantar dos passáros.
Com treze anos foi parar na cidade. O pé num chinelo de número menor, a barriga, além de cheia de vermes, cheia de fome. Foi sozinho. Mas a única coisa de que de verdade sentia saudade era dos passarinhos. Não que não tivesse carinho pelos seus, mas tinha mesmo era muita solidão naquela labuta de plantar tanto e comer tão pouco. Quase não falavam em casa. Ai quando o pai conheceu a agua que o passarinho não bebe e ficou de olhar estranho, se tornou brabo que nem bicho...não teve diálogo. Foi embora, porque podia causar estrago maior do que o estrago que tentou evitar quando foi pego com o facão na mão e a garganta do pai no facão.
A primeira vez que matou foi também foi a primeira vez que viu um passarinho na cidade.
E dai em diante, para cada morto, uma gaiola.
Virou um ritual, comprava as balas e uma gaiola. Matar virou um gosto também e uma profissão. Fez nome, negócio e começou a cobrar, além do valor que reputava justo pela vida do desalmado, um canário. Os passarinhos eram testemunhas ocultas de seus crimes. Neles confiava, dizia alto que canário não dava um piu sobre o que via de amigo.... E fez fama. Tanta fama que os rumores cairam nos ouvidos dos que defendiam: Bandido não faz carreira ou bandido bom é bandido morto... essas coisas. Por sorte foi pra prisão. Dezoito anos recém completos.

Quando o juiz o chamou para depor, olhou para o chão. Só ficou um dia em liberdade depois de cumprida toda pena. Durante todos os anos que ficou preso,deixou seus canários aos cuidados de uma vizinha que por amor e dó comprava alpiste, limpava a gaiola e trocava a agua. Foi visita-lo uma vez para dizer que um dos canários tinha morrido mas que os demais estavam bem. Só não cantavam.
O juiz perguntou:
- Mas por que Zé Canário? Você tinha tão bom comportamento...
- O doutor quer mesmo saber?
- Quero sim. Porque Zé Canário?
- É que quando voltei pra casa,doutor, soltei todos os meus canários. Todos doutor, todinhos. E o senhor bem sabe que eram muitos, doutor. Eram muitos. Ficar em gaiola não presta doutor, eu estava convencido disso e de que eles mereciam liberdade também, eu achava isso de verdade e estava certo de que eles iam voar. E voaram, voaram alto. Mas logo cairam. Cairam duros no chão, doutor. Todos. Menos de 10 segundos no ar. Iam alto e caiam. Eu não aguentei Doutor. Eu queria, de verdade doutor, que desse pra viver em liberdade. Mas abrem a porta da gaiola e mandam voar.... a gente já não sabe, doutor, onde fica o céu. As vezes é melhor ir pra debaixo do chão. E foi pensando nisso tudo e pensando em nada, que atirei na coitada e em todos passarinhos... porque vocês fizeram dessa gaiola o meu ninho e eu só sabia voar de volta para aqui.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

araripe

Em noite de lua cheia, o menino saía correndo pelas ruas, subia nos postes e retirava as lâmpadas. E então, o chão de pedras, de laranja-das-lâmpadas tornava-se azul-da-lua. Era uma luz forte, e ele queria que toda a pequena cidade contemplasse junto com ele aquela natureza mágica, que mesmo à noite, iluminava-se para contemplar melhor a si mesma. Aquilo fazia-o sentir mais que um garoto, ele era parte do universo. O vento soprava as nuvens dando a impressão de que a lua corria, talvez para encantar o mundo inteiro.

De criança-do-interior tornou-se pai-da-capital, e criou seus muitos filhos ensinando-os o azul. E os chamava no quintal, como fazia com sua cidade, quando então era dono do mundo, para ver o céu. Saudoso das estrelas do interior, ele mostrava a lua, e pra lá ele ia, pra ver o mundo e o brilho no mar escuro. Hoje ele não pode mais fazer com que o mundo olhe pra si mesmo sob a luz noturna. Mas sua cidade é sua família e essa sabe que por trás do céu mais escuro, das mais densas nuvens, na noite mais vazia, no mais ressonante silêncio, sempre haverá uma lua, um luar, uma luz. Forte.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Três

Viviam nos mesmos bares, no mesmo lado da praia, no mesmo esconde-mostra-sofre-goza.
João conheceu Tadeu e se apaixonaram. Foram morar juntos pelas conveniencias do bolso, do corpo e da companhia. João trabalhava, trazia sustento para a casa e reclamava de barriga cheia. Tadeu ficava em casa, arrumava tudo, cozinhava e só trabalhava no final de semana, nas festas que organizava para João se divertir e que não lhe rendiam muitos lucros. Ficava impaciente quando tinha fome. Tinha pouco dinheiro mas muita arte. Ao contrário de João que tinha até uma quantia razoavel de dinheiro, mas muito pouco bom gosto. Eram homens bons. Isso eram. Corações desses moles... desses que aprenderam a lidar com os olhares atravessados. E eram tão bons nisso que quase nunca tinham problemas. Mas como tudo que é bom dura pouco se não é reinventado... acabou. Decidiram, então, não por serem covardes, mas porque ainda restava os ecos dos corpos, que não desaprendem assim fácil os carinhos do amor, continuar dividindo casa... até Tadeu arrumar um apartamento e João uma diarista e, é claro, se sentirem prontos para ir pro mundo outra vez. E estava indo tudo muito bem, sem tantos beijos e carinhos, só alguns dejavùs em noite chuvosa de filme, pipoca e edredon, até que João conheceu Mateus e se apaixonaram. Foram morar juntos pelas conveniencias do bolso, do corpo e da companhia. Sem contar que Mateus morava longe, em um quarto e sala desses bem vagabundos e a casa de João era no centro, pertinho do trabalho. Mas havia um detalhe não tão conviniente... Tadeu. Tadeu era quase dono da cama... dormiu ao lado de João por longos meses... tinha acabado de se recuperar da insonia... Não aceitou ir pro escritório, dormir no colchão inflavel que compraram para ir acampar numa dessas férias quaisquer. Mateus decidiu aceitar que João dormisse com Tadeu, então, até que esse achasse uma casa nova... mas que ficassem sempre de porta aberta. O que incomodava muito João era Mateus ter escolhido o sofá... porque sempre que saia para o trabalho o sofá estava ocupado com um corpo preguiçoso e cheio de pelos que tinham que ser disfarçados quando recebiam visita. O fato de dormir de porta aberta amenizava o calor e as disputas. Não faziam tudo juntos. Só o que todo mundo faz a três. Moraram assim por incontaveis dias... até que João acordou de noite e sentiu falta de Mateus. Nem olhou para o lado, levantou e foi rumo a sala. Na janela Tadeu e Mateus conversavam e fumavam um cigarro fedorento. Riam. João ficou com raiva e voltou a dormir encolhido. Nesse dia Tadeu cedeu a cama para Mateus que reclamava da dor nas costas. Mateus abraçou João que fingiu que ainda dormia De manhã cedo olhou para o sofá e ficou até satisfeito em ver um corpo com menos pelos e mais gracioso deitado no sofá. Fez sanduiche para os três. Era sábado. Colocou uma música alta e esquentou o café. Quando comiam João olhou pra baixo e determinou:
- Quero que saiam daqui assim que acabar o café.
Ficou um silêncio constrangedor no ar mas logo todos riram. Na mesma semana Joao comprou um cachorro. E ficou assim:
João amava Tadeu
Mas agora ama Mateus
que sente ciumes de Tadeu
Que ama Mateus e Joao
0Que sente ciumes de Tadeu e Mateus
Que amava Joao
Mas que agora não sabe quem ama
Mas João que é esperto
E gosta de ser amado
Sentiu que podia perder os dois, um pro outro
Comprou, então, um cachorro
Porque em quatro ninguem sobra
E todos no final amavam só o cachorro que não sabia o que era ciumes muito menos amor.

E por fim... Tadeu e Mateus se mudaram e foram morar no apartamento ao lado... Assim que chegou Marcos. Mas até hoje dividem o cachorro.

terça-feira, 1 de abril de 2008

li-lhe

em alguns momentos ele até que evita ler seus movimentos, pois desloca a sua rotina. mas ela é um livro incrível, cheia de clímax. está preso a todas as páginas da sua pele. envolto em seu clima. ele tem medo e pena de terminar a estória. mas ao mesmo tempo quer descobrir mais. quando ela fecha os olhos, ele observa e absorve toda a beleza de sua capa e lê inúmeras vezes os títulos de sua alma. se delicia com cada detalhe de suas orelhas, antes de molhar os dedos com a língua. quando ele fecha os olhos, ela sempre está ao seu alcance, descansada e mansa na estante de suas idéias, pronta para dançar, a qualquer instante.

Queda

Ao lado da cama, sobre o criado mudo, escrevera:

Hoje me atirei de um abismo alto, enquanto estava lá em cima, antes de saltar, me vieram várias lembranças, sorrisos, histórias que se desfizeram com o tempo. Senti saudades, reconheci que mesmo desatenta, estive aqui o tempo todo, permeando vidas alheias, modificando a mim e ao meu contexto, causando efeitos, respirando e só.

Ainda assim, não desisti. Era alto e imenso, não se via o chão lá de cima, só um vão entre nuvens e algumas gotículas de água que subiam de volta da terra. Abismo de vento e água, buraco sem fim, nem começo. O lugar da dúvida.

Pensei ainda no que ficaria para trás, mas me segurei à curiosidade do que viria à frente, se viesse algo. Não gosto de mágoas e possuo uma coleção. Não sou de negar, mas fazia todos os dias. O abismo era inevitável, era só ele e eu.

Quando cerrei os olhos, tudo se esvaiu, meu coração batia tão alto que ensurdeceu meus pensamentos, os pés desesperados - sempre o foram- por um chão, balançavam pelo ar sem esperanças, as mãos espalmadas como se quisessem abraçar o abismo, o estômago na boca. Eu era só a mistura de mim, gravidade e um turbilhão de pensamentos. Descontínuos, indecifráveis, inconcebíveis.

O corpo todo tenso, como se rogasse por algo a que se agarrar, de longe os ruídos de tudo ao redor, vozes que conhecia, outras que não; os olhos fechados e amedrontados com a idéia de se abrirem. E foi no amedrontamento que o fizeram.

A cama continuava estreita e solitária no centro do quarto, a parede terrivelmente branca resplandecendo a luz do dia, o armário com suas portas mal encaixadas e a menina de Monet sobre a estante.

O corpo ainda enrijecido, a falta de ar, o silêncio. Agradeceu 30 de vezes e se arrependeu uma só. Estava tudo no mesmo lugar de antes.